quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Doenças de Peixes - Furunculose

Ficheiros das Doenças

Como distinguir ...
Furunculose causada por protozoários da pele

Texto de Valerio Zuppo
Tradução e Adaptação: Mário de Araújo










Na foto à esquerda, um peixe atacado por protozoários da pele. Sobre a barbatana caudal vêem-se pontos mais pequenos e numerosos, destinados a continuar a propagação

.......................................................................................



Acontece com frequência observarmos sobre a pele dos nossos peixes pequenos “pontinhos” brancos, como que minúsculos furúnculos. De que coisa se trata? Em alguns casos observam-se só pequenas lesões epidérmicas que, se vistas ao microscópio, revelam a formação de uma espécie de pústula. Em algumas situações estas manifestações desaparecem espontâneamente mesmo sem qualquer tratamento específico: basta repôr as condições ambientais correctas. Estes episódios, de facto, são frequentemente provocados por problemas ecológicos. Se as pequenas pústulas não desaparecerem em poucos dias, podem ser tratadas e curadas com pinceladas de mercurocromo. Estas manifestações, mais frequentes em águas sujas e ferrugentas (ligeiramente turvas) – pela presença maciça de protozoários e de material orgânico dissolvido – em geral aparecem também quando a temperatura é demasiado elevada para as exigências das espécies.
Considerado que água suja e temperatura elevada é uma associação mortal ao ponto de provocar o aparecimento da furunculose dos peixes, também um tratamento do aquário com um produto específico, que contenha verde de malaquite, como por exemplo o sera costapur, pode ser útil. Este corante, que tem um efeito baceriostático e atrasa o crescimento dos protozoários, é de facto capaz de reduzir a quantidade de microorganismos que proliferam na água inquinada, permitindo aos peixes a activação das defesas orgânicas e voltarem às condições normais de saúde. Òbviamente, qualquer que seja o tratamento, seja local ou seja no aquário, aconselho uma mudança parcial de água e a adição de sera aquatan e sera toxivec, não tem um efeito duradouro, se não se procedem as correcções de modo a obtermos as condições ambientais adequadas. Também a adição de água oxigenada (adqurida na farmácia) na dose de 10ml para 100 litros de água, pode ajudar, acelerando a degradação, por oxidação, da matéria orgânica dissolvida e atrasando o desenvolvimento dos microorganismos em suspensão.
Existem por outro lado várias formas de furunculose. Nos casos graves as bactérias atacam inicialmente os órgãos internos (intestino e peritoneu), provocando uma séria flogose, e seguidamente deslocam-se para os músculos, cuja forte inflamação se manifesta exteriormente sob a forma de “bolinhas” epidérmicas, que contêm um material purulento (produto da degradação dos músculos afectados). Pelo que está dito poder-se-á compreender que nestas circunstâncias as pústulas são maiores e muito mais numerosas, excepto no caso (muito menos grave) ilustrado acima. O agente patogénico desta doença é a Aeromonas salmonicida. Esta patologia é de cura difícil, mas pode-se fazer uma tentativa recorrendo a produtos que contenham sulfamidas, cloromicetina, tetramicina ou furazolidona ou a aplicação de sera baktopur. Afortunadamente a forma “grave” é bastante rara em aquário, enquanto que é mais frequente nos centros de produção de peixes.
Por outro lado, também muitos dos protozoários presentes no aquário podem levar à comparação de pontos brancos, mais ou menos realçados, mais ou menos parecidos com um furúnculo. É o caso do: Ichthyo, da Chilodonella, da Glossotella e vários esporos. Como fazer então para distinguir as duas patologias? Acima de tudo observando com atenção as bordas dos “pontinhos”: não é tão importante aquilo que é visível ao centro, mas sim quanto antes o aspecto que a pústula tem na periferia. No caso dos protozoários parasitas, o pontinho branco é só provocado pelo aumento de volume de uma célula, destinada a produzir novos indivíduos. Por este motivo o pontinho (de dimensão variável conforme o agente patogénico) aparece sempre denso, com contorno bem definido: isto também porque a maior parte dos protozoários parasitas externos se fixa em áreas bastante superficiais da epiderme.No caso da furunculose, as pústulas estão cheias de material purulento “entre” as células; e os seus contornos aparecem como que esbatidos e indefenidos, enquanto que a estrutura se ergue sobre a pele, como a acne.
No caso dos protozoários parasitas da pele, além disso, pode-se observar uma epidemia com desenvolvimento agudo: a cada dia o número de pontinhos aumenta pelo corpo do peixe doente. No caso da furunculose, ao contrário, as grossas pústulas sobre o corpo do peixe são escassas e raramente aumentam de número. A evolução crónica da doença (falamos da forma menos grave, já que a forma grave e rara é bem reconhecível com base na dimensão das pústulas) permite o seu diagnóstico e ajuda a tomar a decisão correcta quanto ao remédio a utilizar. Nos casos de protozoários parasitas, òbviamente, para o tratamento (deve efectuar-se nos dias que se seguem à primeira infecção) poderemos utilizar um qualquer produto antiprotozoico disponível no nosso mercado e o sera omnipur é o que eu aconselho. Neste caso a doença, geralmente, não depende da quantidade de matéria orgânica em solução, mas de outros problemas ambientais (como diferenças de temperatura, aclimatação mal feita, danos causados no transporte).

marioadearaujo@gmail.com