domingo, 14 de setembro de 2008

Doenças de Peixes - Íctio - Ponto branco

Ficheiros das Doenças

Íctio - Ponto branco

Ichthyophthirius multifiliis



Texto: dr Neville Carrington; Esquema: Clifford e Wendy Meadway


Foto: David Sands





Tradução e adaptação: Mário d'Araújo










Nesta foto podemos observar um Ciclídeo


Triangulo (Uaru). Esta infecção trata-se


muito bem com produtos disponíveis no


mercado da especialidade


























Neste esquema podemos ver o ciclo da infecção:


1 - Parasitas debaixo da pele


2 - Os parasitas adultos saiem da pele e formam uma cápsula
(trofozoíto)


3 - Em natação livre à procura de novos hospedeiros (terontes)


Sinais de infecção
Os peixes afectados tentam manter as barbatanas fechadas e roçam-se contra objectos duros. Os parasitas vêem-se brancos, do tamanho de uma cabeça de alfinete, fixos nas barbatanas e no corpo.

O Íctio não deve ser confundido com os parecidos tubérculos brancos que aparecem nas barbatanas peitorais e nos opérculos dos peixes macho, em particular nos cometas na época de acasalamento.

Peixes afectados
Virtualmente todos os peixes de água doce podem ser afectados. Uma epidemia é pouco provável em água ácida.






Nesta foto podemos observar os brilhantes
pontos brancos do Íctio, fixos no corpo
deste peixe tropical










Detalhes da infecção
O Ichthyophthirius multifiliis é um parasita ciliado unicelular que no estado adulto atinge 0,2 a 1mm de diâmetro e tem um característico núcleo curvado. Este roda constantemente com a ajuda dos seus muitos cílios.

Os peixes são infectados no estágio de natação livre e activa dos parasitas. Estes jovens parasitas (ou Tomitos) têm apenas 0,05mm de comprimento e movem-se na água mexendo os seus cílios. Eles têm que encontrar um hospedeiro conveniente no espaço de dois dias da sua libertação ou então morrem. Caso se fixem num peixe, eles furam ràpidamente a camada exterior da pele e vivem entre a pele e os tecidos por baixo desta, alimentando-se de fluidos corporais e células da pele.

Eles permanecem na pele e crescem durante 3 semanas, dependendo da temperatura da água; o crescimento quase não existe abaixo dos 10ºC e é muito rápido a temperaturas tropicais. Quando adultos, os parasitas saiem da pele, caiem no fundo e fixam-se numa superfície sólida. Aqui eles fecham-se numa cápsula gelatinosa ou cisto, e começam a dividir-se. Ao fim de 15 a 20 horas, até 1000 tomitos de natação livre são libertados para a água para dar início a novo ciclo no aquário.

Está claro que os parasitas se podem fixar a um peixe e ficarem como que letárgicos até que o peixe perca a cor ou enfraqueça de alguma forma.

Isto poderá explicar as não esperadas infestações que às vezes acontecem.

Tratamento recomendado
Há tratamentos muito eficazes, disponíveis no mercado da especialidade, para o Íctio. Estes consistem normalmente no verde de malaquite misturado com outros produtos químicos que lhe aumentam a eficácia (deixo aqui a nota do sera costapur). É mais fácil atacar o parasita no estágio de natação livre, apesar de haver produtos que dizem ser eficazes contra os parasitas fixos no corpo.

Um método alternativo de tratamento que também ataca no estágio de natação livre em que os parasitas precisam de um hospedeiro em 48 horas após sairem dos cistos. A técnica consiste em transferir os peixes de um aquário para outro a cada 12 horas. Para que seja realmente eficaz precisamos de 7 aquários. Uma alternativa a isto é a utilização de uma filtragem (um filtro com diatomáceas) e esterilização eficazes (uma lâmpada UV com potência igual a 10% do volume de água). Isto evita que os parasitas adultos se fixem e formem cistos, logo que deixam o corpo dos peixes.

marioadearaujo@gmail.com

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Doenças de Peixes - Verme âncora

Ficheiros das Doenças

Vermes âncora

Lernaea sp.

Texto: dr Neville Carrington
Tradução e adaptação: Mário de Araújo








Nesta foto podemos observar
os parasitas fixos no corpo da
Oranda









Sinais de infecção
As fêmeas do verme âncora – que são de facto os parasitas – são fàcilmente reconhecíveis pelo seu aspecto vermiforme quando se fixam no corpo dos peixes. Atingem um comprimento máximo de cerca de 20mm na Primavera, quando se formam dois ovários, com cerca de 3mm cada, na parte livre do corpo.

Peixes afectados
Os verme âncora atacam frequentemente os peixes de lago e não nos aquários.
Cometas, carpas, orandas e outros Ciprinídeos podem ser infestados pela Lernaea cyprinacaea e as espécies mais pequenas pela Lernaea phoxinacaea. Várias espécies de Ciclídeos tropicais podem também ser afectadas pelo verme âncora.

Detalhes da infecção
Apesar do seu nome comum, (anchor worm) não são de facto ‘minhocas’ (worms) mas sim pequenos crustáceos chamados copépodes. Como muitos crustáceos, eles passam por várias etapas larvares durante o crescimento.
As primeiras larvas, quando saiem do ovo na Primavera, nadam livremente até encontrarem um peixe hospedeiro conveniente onde se fixam nas guelras. Entram então na fase não natatória. Os machos do grupo fertilizam as fêmeas e cessam a sua actividade como parasitas. As fêmeas fecundadas recolocam-se então no corpo de um peixe hospedeiro e desenvolvem-se até ao familiar ‘aspecto minhoca’ de parasita.
As fêmeas desovam na Primavera. Depois disto podem morrer ou continuar com outras desovas.
Conforme os parasitas vão morrendo, as feridas abertas na pele e nos músculos podem levar a infecções secundárias das quais os peixes poderão não recuperar.

Tratamento recomendado
Os verme âncora estão firmemente agarrados aos peixes, muitas vezes penetrando profundamente nos tecidos do corpo. Os vermes adultos podem ser retirados um a um e a ferida deve ser desinfectada com uma solução de permanganato de potássio (1g para 500ml de água destilada) com a ajuda de um pincel pequeno, mas este é um processo demorado e potencialmente perigoso para os peixes. Melhor será a utilização de modernos anti-parasitários que eliminam as larvas (por ex: sera protazol).
As feridas profundas originadas pela remoção dos parasitas podem demorar a cicatrizar. Podemos facilitar o processo mantendo os peixes num banho onde adicionaremos sera costapur em conjunto com sera baktopur até que as feridas estejam completamente curadas.



Na foto acima a remoção de um parasita com a ajuda
de uma pinça


marioadearaujo@gmail.com

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Doenças de Peixes - Fungos oculares

Ficheiros das Doenças

Fungos oculares

Pesquisa e adaptação: Mário d'Araújo








Nesta foto podemos observar o olho esquerdo
de um Discus já bastante degradado.














Nesta imagem podemos observar o estado avançado
da doença nos dois olhos deste Cometa.














Todos os órgãos dos peixes, expostos ao meio ambiente, são susceptíveis de inflamações parasitárias provocadas por organismos oportunistas. Basta um excesso de poluição para induzir a reprodução copiosa de fungos e bactérias, que podem posteriormente atacar vários órgãos dos peixes, em particular quando a pele ou o seu muco protector estão debilitados por várias causas possíveis (valor do pH nos limites, lutas entre os peixes, alimentação inadequada e em regra geral por excesso, etc.).

Entre os órgãos mais delicados expostos à água devemos, claro, mencionar os olhos, normalmente bem protegidos por uma película de muco, mas susceptíveis às infecções nos casos de proliferação de microorganismos. Uma das doenças mais comuns e que aparece frequentemente nos aquários dos iniciados é a Micose. Fungos da família das Saprolegniáceas podem de facto atacar estes delicados órgãos, quando a córnea ou o muco que a protege se encontram danificados, muitas vezes por causas mecânicas (captura inadequada, o peixe caiu ao chão, ou outras).

Sabemos bem que as hifas (digamos que as ‘raízes’) destes fungos podem penetrar de forma profunda na pele e os sintomas visíveis a olho nu representam só a ‘ponta do iceberg’. Portanto, no caso de fungos oculares, os danos causados podem ser muito graves, pois que os fungos conseguem chegar aos cérebros dos peixes, depois de perfurarem os nervos ópticos, levando à paralisia e morte prematura. Definitivamente os fungos dos olhos, mesmo com a forte possibilidade de aparecerem associados a qualquer outro tipo de micoses cutâneas, são de facto uma patologia muito grave e perigosa que deve ser tratada de imediato.

Sempre que detectadas formações algodonosas de cor acinzentada sobre a córnea dos peixes (às vezes com propagação ao nível da pele pelos hóspedes do aquário) torna-se necessário o início de um tratamento com produtos antimicóticos disponíveis no comércio da especialidade, geralmente contendo verde de Malaquite (sera Costapur), Acriflavina (sera mycopur) ou azul de Metileno (sera Costamed) e menos comum dicromato de Potássio.

Pode ser muito eficaz, nos casos mais graves, pincelar os olhos afectados com (atendendo a que há aquariófilos que procuram outras soluções que são regra geral difíceis de encontrar) uma solução de nitrato de Prata a 2% e continuar depois com uma solução de dicromato de Potássio a 1%.

Ficha geral:

Fungos oculares – Agente patogénico: Saprolegnia, Achlya
Colocação Taxonómica: Talófitas, Ficomicetes, Saprolegniáceas
Região infectada: Córnea
Sintomas: Tufos cinzentos e aveludados sobre os olhos.
Outros sintomas: Paralisia, natação descoordenada, falta de apetite
Causa da doença: condições inadequadas, alimentação desajustada, poluição ou feridas
Tratamento: sera Costapur, sera Mycopur, sera Costamed e Sulfamidas (que podem ser adicionadas à comida)


marioadearaujo@gmail.com