sexta-feira, 25 de julho de 2008

Doenças de Peixes - Manchas epidérmicas

Ficheiros das Doenças

Manchas epidérmicas vermelhas




Pesquisa e adaptação: Mário de Araújo























Na imagem ao lado belos exemplares de


Discus Azul





























Se os seus peixes apresentam grandes manchas avermelhadas no corpo, principalmente nos flancos ou na zona abdominal, com as margens bem definidas, é possível que estejam com aquilo a que vulgarmente se chama ‘síndrome da mancha vermelha’ e que por sorte nossa, ou melhor, para azar dos peixes, atinge principalmente o género Barbus, mas não é de todo impossível que o mesmo não aconteça com outras espécies, em particular com os Discus. O agente patogénico desta doença não está identificado com todas as certezas, mas para alguns autores será a terrível bactéria Pseudomonas putida, também ela responsável por outras manifestações patológicas nos peixes dos nossos aquários.

Na foto à direita os Barbos Tetrazona
também conhecidos como Barbo Tigre
O facto de que um só tipo de bactéria possa produzir vários tipos de sintomas diferentes não é caso para admiração pois estes microorganismos podem ser representados por estirpes diferentes com características variáveis. Por outro lado o género Pseudomonas distingue-se pelo facto de ser uma espécie-específica: as doenças provocadas podem atacar apenas uma determinada espécie de peixes. Um elemento útil na identificação desta doença, pois que pode ser diagnosticada ràpidamente pela sua difusão numa determinada espécie. Mas esta condição também pode ser observada noutras doenças dos peixes tropicais (veja, por ex:, o caso da hidropisia e outras doenças de origem bacteriana, internas ou externas) o que muitas vezes nos deixa estupefactos pela especificidade tão peculiar.

Outros sintomas úteis na identificação da doença são a respiração acelerada, emagrecimento lento mas progressivo, perda de actividade dos indivíduos atingidos, os quais muitas vezes ficam parados junto à superfície ou mesmo pousados no fundo, com os opérculos abertos e as barbatanas coladas ao corpo. Em último caso, numa análise aos indivíduos que já morreram, encontrar-se-á na zona abdominal dos peixes afectados um líquido purulento e mal cheiroso, e, nos casos mais graves, uma degradação flogótica (flogose, inflamação) de alguns dos órgãos internos como o fígado ou os rins. Para além disto convém não esquecer que a bactéria vive melhor a temperaturas elevadas e com pouco oxigénio, o que a torna mais frequente em aquários muito povoados e com temperaturas superiores a 26 – 27ºC.

E para complicar um pouco mais, esta bactéria é muito resistente à maioria dos antibióticos utilizados em aquariofilia, como a penicilina ou a tetraciclina. Recomendo pois o isolamento do ou dos peixes atacados e um tratamento com pequenas doses de kanamicina. (e agora é que foram elas ... o que é isso?? ... Perguntam alguns ... é um antibiótico que neste momento está a ser utilizado com muito sucesso no combate às infecções bacterianas da fauna aquática ... só que não tenho nada disto ... foi apenas uma informação de um amigo pessoal e exportador de peixes em Singapura ... ) e como não arranjei este, a apresentação é uma embalagem mínima de 25Kg, procurei e encontrei a Flumequina misturada com Sulfato de Colistina (Vitaminas) que utilizo actualmente em muitos casos de diagnóstico complicado ou em que não obtenho bons resultados com os medicamentos do mercado. Basta adicionar pequenas quantidades no alimento. Como? Misturamos a comida que temos a certeza que é aceite pelos peixes com algumas gotas de óleo de fígado de bacalhau e depois acrescentamos a quantidade de antibiótico (de 0,1 a 1 por 100, conforme o produto escolhido). Claro que podemos utilizar antibióticos comercializados na aquariofilia, como o Nifurpirinol em pastilhas (sera baktopur direct) mas terão que ser esmagadas e reduzidas a pó para depois se misturarem na comida, o que nos permite tratar muitos peixes com pouco produto.
O aquário onde isolámos os peixes afectados deverá ser tratado com um bacteriostático que contenha Acriflavina (sera mycopur) ou Verde de Malaquite (sera costapur) para eliminar o excesso de bactérias na água ou nos filtros.

Síndrome da mancha vermelha
Agente patogénico
: Pseudomonas putida
Colocação taxonómica: Bactérias. Pseudomonáceas
Região afectada: epiderme
Sintomas: manchas vermelhas na epiderme, áreas ensanguentadas
Outros sintomas: emagrecimento, respiração acelerada, nadar oscilante
Causa da doença: temperatura muito alta, água poluída, excesso de peixes
Tratamento: produtos com acriflavina ou verde de malaquite. Adição de antibióticos na alimentação 2 vezes por dia, durante 1 semana.

marioadearaujo@gmail.com








quarta-feira, 23 de julho de 2008

Doenças de Peixes - Hidropisia

Ficheiros das doenças

Hidropisia

Pesquisa e adaptação: Mário d’Araújo

Apelidada de hidropisia ou barriga-d’água, esta é uma doença muito vulgar nos aquários dos principiantes (que não devem ficar de pé atrás com esta premissa, pois estou a falar de uma situação que pode acontecer a qualquer um ... mas infelizmente as ‘estatísticas’ apontam maior número de casos nos aquários dos ‘jovens’ aquariófilos) que geralmente se deve à proliferação exagerada de bactérias do género Aeromonas. A presença das Aeromonas punctata, no organismo dos peixes em particular, induz a produção e acumulação de um líquido cor de rosa ou esverdeado, muito rico em linfócitos, na cavidade abdominal. Por esta razão o ventre dos peixes fica cada vez mais inchado e a deformação dos tecidos leva mesmo ao levantamento das escamas ao ponto de parecerem ‘eriçadas’. A presença destas bactérias no organismo dos peixes provoca graves inflamações intestinais e do fígado, lesões renais e hipertrofia de outros órgãos. Trata-se de facto de uma infecção aguda muito grave que pode levar os peixes à morte em poucos dias.

A origem desta patologia pode ter várias causas, muitas delas ligadas à inexperiência do aquariófilo e também à falta de cuidados na manutenção do aquário e na fraca qualidade dos alimentos. Uma das primeiras causas é ingestão de alimentos congelados que (por qualquer motivo que nós, clientes compradores dos mesmos, desconhecemos) sofreram quebras na cadeia de frio, ou seja, podem ter descongelado e voltar a ser congelados, o que levaria ao aparecimento abundante de estirpes das bactérias que já referi anteriormente. Mas os alimentos secos, se mantidos em locais húmidos e que pelo tamanho da embalagem ficam muito tempo em uso, também permitem o desenvolvimento destas mesmas bactérias.

Uma outra causa, muito comum, é a água poluída, principalmente se aliada a uma temperatura elevada. As Aeromonas vivem, de facto, muito melhor em temperaturas acima dos 26ºC e proliferam na presença de matéria orgânica dissolvida (em solução). Quando abusamos da quantidade de alimento por excesso, ou utilizamos filtros inadequados (de pouca potência, ou volume reduzido, ou material filtrante duvidoso), acabamos por facilitar a estagnação das proteínas e dos hidratos de carbono na água e as bactérias reproduzem-se de uma forma tão rápida que podem deixar a água com um aspecto leitoso. E uma presença maciça destas bactérias faz obviamente com que os peixes passem a ser considerados como ‘material a infectar’. Existe por isso uma relação importante entre a água leitosa, a temperatura elevada e os casos de hidropisia ocorridos.




Na foto à esquerda uma oranda deveras atacada





Atendendo às causas acima mencionadas desta doença e à natureza da mesma, para a combater será necessário corrigir de imediato os defeitos ambientais e nutricionais: uma verificação atenta do equipamento de filtragem, uma pequena descida da temperatura até aos limites suportados pela ou pelas espécies afectadas e um cuidado muito especial com a qualidade dos alimentos distribuídos.

Podemos sempre aplicar tratamentos de acção bacteriostática, geralmente com Acriflavina (sera mycopur) ou Verde de Malaquite (sera costapur). A adição de antibióticos (sera baktopur direct) ao alimento dos peixes mais doentes pode ser uma grande ajuda.

Hidropisia

Agente patogénico: Aeromonas punctata

Colocação taxonómica: bactérias. Aeromonadáceas, género Aeromonas

Região infectada: fígado, rins, intestinos, epiderme

Sintomas: abdómen inchado, escamas levantadas, apatia, natação ondulante

Outros sintomas: respiração acelerada, corrosão das barbatanas e da cauda

Causa da doença: água poluída, temperatura elevada, alimentos infectados

Tratamento: correcção das causas de poluição no aquário, alimentos de boa qualidade, da sera, utilização de antibióticos, sera baktopur, e, bacteriostáticos com Acriflavina (sera mycopur) ou Verde de Malaquite (sera costapur).

Um abraço (sem bactérias) e até ao próximo Ficheiro de Doenças.



Na foto à direita podemos observar que as escamas

ventrais estão levantadas






marioadearaujo@gmail.com