quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Doenças de Peixes - Furunculose

Ficheiros das Doenças

Como distinguir ...
Furunculose causada por protozoários da pele

Texto de Valerio Zuppo
Tradução e Adaptação: Mário de Araújo










Na foto à esquerda, um peixe atacado por protozoários da pele. Sobre a barbatana caudal vêem-se pontos mais pequenos e numerosos, destinados a continuar a propagação

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Acontece com frequência observarmos sobre a pele dos nossos peixes pequenos “pontinhos” brancos, como que minúsculos furúnculos. De que coisa se trata? Em alguns casos observam-se só pequenas lesões epidérmicas que, se vistas ao microscópio, revelam a formação de uma espécie de pústula. Em algumas situações estas manifestações desaparecem espontâneamente mesmo sem qualquer tratamento específico: basta repôr as condições ambientais correctas. Estes episódios, de facto, são frequentemente provocados por problemas ecológicos. Se as pequenas pústulas não desaparecerem em poucos dias, podem ser tratadas e curadas com pinceladas de mercurocromo. Estas manifestações, mais frequentes em águas sujas e ferrugentas (ligeiramente turvas) – pela presença maciça de protozoários e de material orgânico dissolvido – em geral aparecem também quando a temperatura é demasiado elevada para as exigências das espécies.
Considerado que água suja e temperatura elevada é uma associação mortal ao ponto de provocar o aparecimento da furunculose dos peixes, também um tratamento do aquário com um produto específico, que contenha verde de malaquite, como por exemplo o sera costapur, pode ser útil. Este corante, que tem um efeito baceriostático e atrasa o crescimento dos protozoários, é de facto capaz de reduzir a quantidade de microorganismos que proliferam na água inquinada, permitindo aos peixes a activação das defesas orgânicas e voltarem às condições normais de saúde. Òbviamente, qualquer que seja o tratamento, seja local ou seja no aquário, aconselho uma mudança parcial de água e a adição de sera aquatan e sera toxivec, não tem um efeito duradouro, se não se procedem as correcções de modo a obtermos as condições ambientais adequadas. Também a adição de água oxigenada (adqurida na farmácia) na dose de 10ml para 100 litros de água, pode ajudar, acelerando a degradação, por oxidação, da matéria orgânica dissolvida e atrasando o desenvolvimento dos microorganismos em suspensão.
Existem por outro lado várias formas de furunculose. Nos casos graves as bactérias atacam inicialmente os órgãos internos (intestino e peritoneu), provocando uma séria flogose, e seguidamente deslocam-se para os músculos, cuja forte inflamação se manifesta exteriormente sob a forma de “bolinhas” epidérmicas, que contêm um material purulento (produto da degradação dos músculos afectados). Pelo que está dito poder-se-á compreender que nestas circunstâncias as pústulas são maiores e muito mais numerosas, excepto no caso (muito menos grave) ilustrado acima. O agente patogénico desta doença é a Aeromonas salmonicida. Esta patologia é de cura difícil, mas pode-se fazer uma tentativa recorrendo a produtos que contenham sulfamidas, cloromicetina, tetramicina ou furazolidona ou a aplicação de sera baktopur. Afortunadamente a forma “grave” é bastante rara em aquário, enquanto que é mais frequente nos centros de produção de peixes.
Por outro lado, também muitos dos protozoários presentes no aquário podem levar à comparação de pontos brancos, mais ou menos realçados, mais ou menos parecidos com um furúnculo. É o caso do: Ichthyo, da Chilodonella, da Glossotella e vários esporos. Como fazer então para distinguir as duas patologias? Acima de tudo observando com atenção as bordas dos “pontinhos”: não é tão importante aquilo que é visível ao centro, mas sim quanto antes o aspecto que a pústula tem na periferia. No caso dos protozoários parasitas, o pontinho branco é só provocado pelo aumento de volume de uma célula, destinada a produzir novos indivíduos. Por este motivo o pontinho (de dimensão variável conforme o agente patogénico) aparece sempre denso, com contorno bem definido: isto também porque a maior parte dos protozoários parasitas externos se fixa em áreas bastante superficiais da epiderme.No caso da furunculose, as pústulas estão cheias de material purulento “entre” as células; e os seus contornos aparecem como que esbatidos e indefenidos, enquanto que a estrutura se ergue sobre a pele, como a acne.
No caso dos protozoários parasitas da pele, além disso, pode-se observar uma epidemia com desenvolvimento agudo: a cada dia o número de pontinhos aumenta pelo corpo do peixe doente. No caso da furunculose, ao contrário, as grossas pústulas sobre o corpo do peixe são escassas e raramente aumentam de número. A evolução crónica da doença (falamos da forma menos grave, já que a forma grave e rara é bem reconhecível com base na dimensão das pústulas) permite o seu diagnóstico e ajuda a tomar a decisão correcta quanto ao remédio a utilizar. Nos casos de protozoários parasitas, òbviamente, para o tratamento (deve efectuar-se nos dias que se seguem à primeira infecção) poderemos utilizar um qualquer produto antiprotozoico disponível no nosso mercado e o sera omnipur é o que eu aconselho. Neste caso a doença, geralmente, não depende da quantidade de matéria orgânica em solução, mas de outros problemas ambientais (como diferenças de temperatura, aclimatação mal feita, danos causados no transporte).

marioadearaujo@gmail.com

domingo, 19 de outubro de 2008

Doenças de Peixes - Infecção bacteriana das Barbatanas

Ficheiros das Doenças

Infecção Bacteriana das Barbatanas
Pesquisa e adaptação: Mário d'Araújo


Ao fim de alguns anos, volto a abordar a Infecção Bacteriana (Necrose) das Barbatanas, que sem exagero é talvez a patologia mais comum nos Peixes de aquário ... ou não ... daí ...
Apresento duas imagens de nitidez discutível deste tipo de infecção.






Trata-se de um Síndrome bem visível, do qual se desconhece ainda o agente ou agentes patogénicos. As barbatanas tornam-se ligeiramente mais claras e inchadas nos bordos. Com o decorrer da infecção, mais ou menos lento, observar-se-á a destruição progressiva dos tecidos das barbatanas, que pode levar à sua total destruição. Nos casos mais graves, mesmo os raios das barbatanas chegam a apodrecer e desaparecer, deixando apenas um bordo inchado e ensanguentado, quase o que a imagem acima à direita documenta.

Nos casos até agora estudados foram identificadas várias estirpes de bactérias. É pois mais do que certo que podem ser Haemophilus ou Aeromonas, que também são causadoras de outras manifestações patológicas da epiderme, as provocadoras desta enfermidade. Ao contrário do que acontece com as bactérias particularmente agressivas, também causadoras da destruição das barbatanas (por ex: Columnaris, da qual falarei num futuro próximo), a evolução desta infecção, a Necrose bacteriana das Barbatanas, é geralmente lenta e a sintomatologia só aparece na totalidade passados que sejam 7 a 10 dias.

A actividade das bactérias é gradual, logo a partir do início da infecção, mas descontínua, dependendo também da eficácia das defesas orgânicas dos Peixes. Depois passamos à fase mais aguda, que corresponde a mais ‘stress’ e ao exaurir do sistema imunitário. Mesmo a iluminação parece ter uma certa influência na actividade bacteriana: de facto as infecções mais graves são observadas em aquários bem iluminados. Por outro lado, os Peixes escuros (como as Moli negras e alguns Ciclídeos – os Escalares por ex:), são particularmente sensíveis a esta doença. Associadas às lesões provocadas por esta doença, podem ocorrer infecções secundárias, como Fungos, que complicam e agravam toda a sintomatologia, podendo levar o Peixe à morte.

Um velho e eficaz método de cura, se bem que também muito drástico e daí perigoso, é a remoção cirúrgica das partes afectadas. Para isso capturamos o Peixe e efectuamos um corte limpo da ou das barbatanas, cerca de 1mm abaixo da linha de inflamação, com a ajuda de um bisturi ou lâmina prèviamente desinfectados. A zona de corte deve ser desinfectada de imediato com Mercurocromo ou Mertiolato, antes de voltarmos a pôr o Peixe no aquário. É de facto um método muito ‘cruel’, que aconselho aos aquariófilos que se sintam à vontade para esta prática de quase cirurgia veterinária. As mãos deverão ser bem lavadas e desinfectadas antes e depois desta intervenção. No caso de exitação ou dúvida, deverão pedir ajuda a um veterinário que o fará em condições mais adequadas, de modo a evitar uma possível cura que terá mais prejuízos do que a doença.

Mas há muitos tratamentos, que não este, disponíveis no mercado da especialidade, que permitem obter os melhores resultados, de forma muito mais simples e sem tanta radicalidade. Também se conseguem bons resultados (e isto é um conselho de que as marcas não gostam que se mencione) pincelando as áreas infectadas com Fenoxietanol, Acriflavina (sera mycopur) ou Mercurocromo.

É porém mais do que evidente que a cura desta doença implica um tratamento global do aquário de modo a que fiquem de novo criadas as condições ideais para evitar a propagação destas bactérias. Portanto, uma mudança parcial de água, os Ozonisadores, lâmpada UV acoplada ao filtro e um bom sistema de filtragem, serão de facto a melhor ajuda na resolução deste problema. É para além disto, muito importante não sobrepovoar o aquário, evitar temperaturas elevadas ou adicionar vitaminas ao alimento. Com estas acções tão simples conseguimos debelar as situações menos graves ou em fase inicial. Há casos em que os banhos em água salobra obtida com o sera ectopur e mudanças de água mais frequentes, usando água da torneira que tem Cloro activo, podem ser uma boa ajuda. Definitivamente obtêm-se os melhores resultados com várias coisas ao mesmo tempo (de entre todas as que anteriormente referi) do que com uma simples intervenção mais drástica, frequentemente de carácter não definitivo, portanto susceptível de recidivas ou recaídas.

Como em todas as coisas, nada é definitivo e 100% garantido e muitas vezes dizemos ou fazemos uma coisa e logo fazemos ou dizemos outra quase em sentido contrário, mas que nos leva na mesma direcção. Assim, isto são apenas algumas sugestões que como tal serão (eu espero que sejam) ou não, uma boa ajuda.

E chegamos a uma conclusão que abrange quase todo o tipo de doenças, é que se as condições de manutenção não forem boas não há nenhum tratamento químico que seja completamente eficaz. Alguns particulares tentaram com Fenoxietanol, Paraclorofenoxietanol e Nifurpirinol, que mostraram resultados caso o tratamento não seja atrasado. Também posso referir o Cloreto de Benzalcónio e lembrar que no caso dos peixes de água fria a temperatura deve ser mantida acima dos 16ºC.

Infecção bacteriana das Barbatanas
Agente Patogénico: Haemophilus piscium, Aeromonas salmonicida, Aeromonas hydrophila (antes chamada A. Liquefaciens)
Colocação taxonómica: Bactérias
Áreas de infecção: Barbatanas e Cauda
Sintomas: necrose das Barbatanas e da Cauda, Manchas ensanguentadas e equimoses
Outros Sintomas: infecções fúngicas associadas
Causas prováveis: água poluída, debilidade orgânica, falhas na filtragem.
Tratamentos: Kanamicina, Acriflavina (sera mycopur) e sera ectopur, radiação Ultra Violeta, Nifurpirinol (sera baktopur direct) ou Verde de Malaquite (sera costapur).


E não se esqueçam: MUITA PACIÊNCIA!!!
A pressa deu, dá e dará sempre maus resultados.


marioadearaujo@gmail.com

domingo, 14 de setembro de 2008

Doenças de Peixes - Íctio - Ponto branco

Ficheiros das Doenças

Íctio - Ponto branco

Ichthyophthirius multifiliis



Texto: dr Neville Carrington; Esquema: Clifford e Wendy Meadway


Foto: David Sands





Tradução e adaptação: Mário d'Araújo










Nesta foto podemos observar um Ciclídeo


Triangulo (Uaru). Esta infecção trata-se


muito bem com produtos disponíveis no


mercado da especialidade


























Neste esquema podemos ver o ciclo da infecção:


1 - Parasitas debaixo da pele


2 - Os parasitas adultos saiem da pele e formam uma cápsula
(trofozoíto)


3 - Em natação livre à procura de novos hospedeiros (terontes)


Sinais de infecção
Os peixes afectados tentam manter as barbatanas fechadas e roçam-se contra objectos duros. Os parasitas vêem-se brancos, do tamanho de uma cabeça de alfinete, fixos nas barbatanas e no corpo.

O Íctio não deve ser confundido com os parecidos tubérculos brancos que aparecem nas barbatanas peitorais e nos opérculos dos peixes macho, em particular nos cometas na época de acasalamento.

Peixes afectados
Virtualmente todos os peixes de água doce podem ser afectados. Uma epidemia é pouco provável em água ácida.






Nesta foto podemos observar os brilhantes
pontos brancos do Íctio, fixos no corpo
deste peixe tropical










Detalhes da infecção
O Ichthyophthirius multifiliis é um parasita ciliado unicelular que no estado adulto atinge 0,2 a 1mm de diâmetro e tem um característico núcleo curvado. Este roda constantemente com a ajuda dos seus muitos cílios.

Os peixes são infectados no estágio de natação livre e activa dos parasitas. Estes jovens parasitas (ou Tomitos) têm apenas 0,05mm de comprimento e movem-se na água mexendo os seus cílios. Eles têm que encontrar um hospedeiro conveniente no espaço de dois dias da sua libertação ou então morrem. Caso se fixem num peixe, eles furam ràpidamente a camada exterior da pele e vivem entre a pele e os tecidos por baixo desta, alimentando-se de fluidos corporais e células da pele.

Eles permanecem na pele e crescem durante 3 semanas, dependendo da temperatura da água; o crescimento quase não existe abaixo dos 10ºC e é muito rápido a temperaturas tropicais. Quando adultos, os parasitas saiem da pele, caiem no fundo e fixam-se numa superfície sólida. Aqui eles fecham-se numa cápsula gelatinosa ou cisto, e começam a dividir-se. Ao fim de 15 a 20 horas, até 1000 tomitos de natação livre são libertados para a água para dar início a novo ciclo no aquário.

Está claro que os parasitas se podem fixar a um peixe e ficarem como que letárgicos até que o peixe perca a cor ou enfraqueça de alguma forma.

Isto poderá explicar as não esperadas infestações que às vezes acontecem.

Tratamento recomendado
Há tratamentos muito eficazes, disponíveis no mercado da especialidade, para o Íctio. Estes consistem normalmente no verde de malaquite misturado com outros produtos químicos que lhe aumentam a eficácia (deixo aqui a nota do sera costapur). É mais fácil atacar o parasita no estágio de natação livre, apesar de haver produtos que dizem ser eficazes contra os parasitas fixos no corpo.

Um método alternativo de tratamento que também ataca no estágio de natação livre em que os parasitas precisam de um hospedeiro em 48 horas após sairem dos cistos. A técnica consiste em transferir os peixes de um aquário para outro a cada 12 horas. Para que seja realmente eficaz precisamos de 7 aquários. Uma alternativa a isto é a utilização de uma filtragem (um filtro com diatomáceas) e esterilização eficazes (uma lâmpada UV com potência igual a 10% do volume de água). Isto evita que os parasitas adultos se fixem e formem cistos, logo que deixam o corpo dos peixes.

marioadearaujo@gmail.com

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Doenças de Peixes - Verme âncora

Ficheiros das Doenças

Vermes âncora

Lernaea sp.

Texto: dr Neville Carrington
Tradução e adaptação: Mário de Araújo








Nesta foto podemos observar
os parasitas fixos no corpo da
Oranda









Sinais de infecção
As fêmeas do verme âncora – que são de facto os parasitas – são fàcilmente reconhecíveis pelo seu aspecto vermiforme quando se fixam no corpo dos peixes. Atingem um comprimento máximo de cerca de 20mm na Primavera, quando se formam dois ovários, com cerca de 3mm cada, na parte livre do corpo.

Peixes afectados
Os verme âncora atacam frequentemente os peixes de lago e não nos aquários.
Cometas, carpas, orandas e outros Ciprinídeos podem ser infestados pela Lernaea cyprinacaea e as espécies mais pequenas pela Lernaea phoxinacaea. Várias espécies de Ciclídeos tropicais podem também ser afectadas pelo verme âncora.

Detalhes da infecção
Apesar do seu nome comum, (anchor worm) não são de facto ‘minhocas’ (worms) mas sim pequenos crustáceos chamados copépodes. Como muitos crustáceos, eles passam por várias etapas larvares durante o crescimento.
As primeiras larvas, quando saiem do ovo na Primavera, nadam livremente até encontrarem um peixe hospedeiro conveniente onde se fixam nas guelras. Entram então na fase não natatória. Os machos do grupo fertilizam as fêmeas e cessam a sua actividade como parasitas. As fêmeas fecundadas recolocam-se então no corpo de um peixe hospedeiro e desenvolvem-se até ao familiar ‘aspecto minhoca’ de parasita.
As fêmeas desovam na Primavera. Depois disto podem morrer ou continuar com outras desovas.
Conforme os parasitas vão morrendo, as feridas abertas na pele e nos músculos podem levar a infecções secundárias das quais os peixes poderão não recuperar.

Tratamento recomendado
Os verme âncora estão firmemente agarrados aos peixes, muitas vezes penetrando profundamente nos tecidos do corpo. Os vermes adultos podem ser retirados um a um e a ferida deve ser desinfectada com uma solução de permanganato de potássio (1g para 500ml de água destilada) com a ajuda de um pincel pequeno, mas este é um processo demorado e potencialmente perigoso para os peixes. Melhor será a utilização de modernos anti-parasitários que eliminam as larvas (por ex: sera protazol).
As feridas profundas originadas pela remoção dos parasitas podem demorar a cicatrizar. Podemos facilitar o processo mantendo os peixes num banho onde adicionaremos sera costapur em conjunto com sera baktopur até que as feridas estejam completamente curadas.



Na foto acima a remoção de um parasita com a ajuda
de uma pinça


marioadearaujo@gmail.com

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Doenças de Peixes - Fungos oculares

Ficheiros das Doenças

Fungos oculares

Pesquisa e adaptação: Mário d'Araújo








Nesta foto podemos observar o olho esquerdo
de um Discus já bastante degradado.














Nesta imagem podemos observar o estado avançado
da doença nos dois olhos deste Cometa.














Todos os órgãos dos peixes, expostos ao meio ambiente, são susceptíveis de inflamações parasitárias provocadas por organismos oportunistas. Basta um excesso de poluição para induzir a reprodução copiosa de fungos e bactérias, que podem posteriormente atacar vários órgãos dos peixes, em particular quando a pele ou o seu muco protector estão debilitados por várias causas possíveis (valor do pH nos limites, lutas entre os peixes, alimentação inadequada e em regra geral por excesso, etc.).

Entre os órgãos mais delicados expostos à água devemos, claro, mencionar os olhos, normalmente bem protegidos por uma película de muco, mas susceptíveis às infecções nos casos de proliferação de microorganismos. Uma das doenças mais comuns e que aparece frequentemente nos aquários dos iniciados é a Micose. Fungos da família das Saprolegniáceas podem de facto atacar estes delicados órgãos, quando a córnea ou o muco que a protege se encontram danificados, muitas vezes por causas mecânicas (captura inadequada, o peixe caiu ao chão, ou outras).

Sabemos bem que as hifas (digamos que as ‘raízes’) destes fungos podem penetrar de forma profunda na pele e os sintomas visíveis a olho nu representam só a ‘ponta do iceberg’. Portanto, no caso de fungos oculares, os danos causados podem ser muito graves, pois que os fungos conseguem chegar aos cérebros dos peixes, depois de perfurarem os nervos ópticos, levando à paralisia e morte prematura. Definitivamente os fungos dos olhos, mesmo com a forte possibilidade de aparecerem associados a qualquer outro tipo de micoses cutâneas, são de facto uma patologia muito grave e perigosa que deve ser tratada de imediato.

Sempre que detectadas formações algodonosas de cor acinzentada sobre a córnea dos peixes (às vezes com propagação ao nível da pele pelos hóspedes do aquário) torna-se necessário o início de um tratamento com produtos antimicóticos disponíveis no comércio da especialidade, geralmente contendo verde de Malaquite (sera Costapur), Acriflavina (sera mycopur) ou azul de Metileno (sera Costamed) e menos comum dicromato de Potássio.

Pode ser muito eficaz, nos casos mais graves, pincelar os olhos afectados com (atendendo a que há aquariófilos que procuram outras soluções que são regra geral difíceis de encontrar) uma solução de nitrato de Prata a 2% e continuar depois com uma solução de dicromato de Potássio a 1%.

Ficha geral:

Fungos oculares – Agente patogénico: Saprolegnia, Achlya
Colocação Taxonómica: Talófitas, Ficomicetes, Saprolegniáceas
Região infectada: Córnea
Sintomas: Tufos cinzentos e aveludados sobre os olhos.
Outros sintomas: Paralisia, natação descoordenada, falta de apetite
Causa da doença: condições inadequadas, alimentação desajustada, poluição ou feridas
Tratamento: sera Costapur, sera Mycopur, sera Costamed e Sulfamidas (que podem ser adicionadas à comida)


marioadearaujo@gmail.com

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Doenças de Peixes - Manchas epidérmicas

Ficheiros das Doenças

Manchas epidérmicas vermelhas




Pesquisa e adaptação: Mário de Araújo























Na imagem ao lado belos exemplares de


Discus Azul





























Se os seus peixes apresentam grandes manchas avermelhadas no corpo, principalmente nos flancos ou na zona abdominal, com as margens bem definidas, é possível que estejam com aquilo a que vulgarmente se chama ‘síndrome da mancha vermelha’ e que por sorte nossa, ou melhor, para azar dos peixes, atinge principalmente o género Barbus, mas não é de todo impossível que o mesmo não aconteça com outras espécies, em particular com os Discus. O agente patogénico desta doença não está identificado com todas as certezas, mas para alguns autores será a terrível bactéria Pseudomonas putida, também ela responsável por outras manifestações patológicas nos peixes dos nossos aquários.

Na foto à direita os Barbos Tetrazona
também conhecidos como Barbo Tigre
O facto de que um só tipo de bactéria possa produzir vários tipos de sintomas diferentes não é caso para admiração pois estes microorganismos podem ser representados por estirpes diferentes com características variáveis. Por outro lado o género Pseudomonas distingue-se pelo facto de ser uma espécie-específica: as doenças provocadas podem atacar apenas uma determinada espécie de peixes. Um elemento útil na identificação desta doença, pois que pode ser diagnosticada ràpidamente pela sua difusão numa determinada espécie. Mas esta condição também pode ser observada noutras doenças dos peixes tropicais (veja, por ex:, o caso da hidropisia e outras doenças de origem bacteriana, internas ou externas) o que muitas vezes nos deixa estupefactos pela especificidade tão peculiar.

Outros sintomas úteis na identificação da doença são a respiração acelerada, emagrecimento lento mas progressivo, perda de actividade dos indivíduos atingidos, os quais muitas vezes ficam parados junto à superfície ou mesmo pousados no fundo, com os opérculos abertos e as barbatanas coladas ao corpo. Em último caso, numa análise aos indivíduos que já morreram, encontrar-se-á na zona abdominal dos peixes afectados um líquido purulento e mal cheiroso, e, nos casos mais graves, uma degradação flogótica (flogose, inflamação) de alguns dos órgãos internos como o fígado ou os rins. Para além disto convém não esquecer que a bactéria vive melhor a temperaturas elevadas e com pouco oxigénio, o que a torna mais frequente em aquários muito povoados e com temperaturas superiores a 26 – 27ºC.

E para complicar um pouco mais, esta bactéria é muito resistente à maioria dos antibióticos utilizados em aquariofilia, como a penicilina ou a tetraciclina. Recomendo pois o isolamento do ou dos peixes atacados e um tratamento com pequenas doses de kanamicina. (e agora é que foram elas ... o que é isso?? ... Perguntam alguns ... é um antibiótico que neste momento está a ser utilizado com muito sucesso no combate às infecções bacterianas da fauna aquática ... só que não tenho nada disto ... foi apenas uma informação de um amigo pessoal e exportador de peixes em Singapura ... ) e como não arranjei este, a apresentação é uma embalagem mínima de 25Kg, procurei e encontrei a Flumequina misturada com Sulfato de Colistina (Vitaminas) que utilizo actualmente em muitos casos de diagnóstico complicado ou em que não obtenho bons resultados com os medicamentos do mercado. Basta adicionar pequenas quantidades no alimento. Como? Misturamos a comida que temos a certeza que é aceite pelos peixes com algumas gotas de óleo de fígado de bacalhau e depois acrescentamos a quantidade de antibiótico (de 0,1 a 1 por 100, conforme o produto escolhido). Claro que podemos utilizar antibióticos comercializados na aquariofilia, como o Nifurpirinol em pastilhas (sera baktopur direct) mas terão que ser esmagadas e reduzidas a pó para depois se misturarem na comida, o que nos permite tratar muitos peixes com pouco produto.
O aquário onde isolámos os peixes afectados deverá ser tratado com um bacteriostático que contenha Acriflavina (sera mycopur) ou Verde de Malaquite (sera costapur) para eliminar o excesso de bactérias na água ou nos filtros.

Síndrome da mancha vermelha
Agente patogénico
: Pseudomonas putida
Colocação taxonómica: Bactérias. Pseudomonáceas
Região afectada: epiderme
Sintomas: manchas vermelhas na epiderme, áreas ensanguentadas
Outros sintomas: emagrecimento, respiração acelerada, nadar oscilante
Causa da doença: temperatura muito alta, água poluída, excesso de peixes
Tratamento: produtos com acriflavina ou verde de malaquite. Adição de antibióticos na alimentação 2 vezes por dia, durante 1 semana.

marioadearaujo@gmail.com








quarta-feira, 23 de julho de 2008

Doenças de Peixes - Hidropisia

Ficheiros das doenças

Hidropisia

Pesquisa e adaptação: Mário d’Araújo

Apelidada de hidropisia ou barriga-d’água, esta é uma doença muito vulgar nos aquários dos principiantes (que não devem ficar de pé atrás com esta premissa, pois estou a falar de uma situação que pode acontecer a qualquer um ... mas infelizmente as ‘estatísticas’ apontam maior número de casos nos aquários dos ‘jovens’ aquariófilos) que geralmente se deve à proliferação exagerada de bactérias do género Aeromonas. A presença das Aeromonas punctata, no organismo dos peixes em particular, induz a produção e acumulação de um líquido cor de rosa ou esverdeado, muito rico em linfócitos, na cavidade abdominal. Por esta razão o ventre dos peixes fica cada vez mais inchado e a deformação dos tecidos leva mesmo ao levantamento das escamas ao ponto de parecerem ‘eriçadas’. A presença destas bactérias no organismo dos peixes provoca graves inflamações intestinais e do fígado, lesões renais e hipertrofia de outros órgãos. Trata-se de facto de uma infecção aguda muito grave que pode levar os peixes à morte em poucos dias.

A origem desta patologia pode ter várias causas, muitas delas ligadas à inexperiência do aquariófilo e também à falta de cuidados na manutenção do aquário e na fraca qualidade dos alimentos. Uma das primeiras causas é ingestão de alimentos congelados que (por qualquer motivo que nós, clientes compradores dos mesmos, desconhecemos) sofreram quebras na cadeia de frio, ou seja, podem ter descongelado e voltar a ser congelados, o que levaria ao aparecimento abundante de estirpes das bactérias que já referi anteriormente. Mas os alimentos secos, se mantidos em locais húmidos e que pelo tamanho da embalagem ficam muito tempo em uso, também permitem o desenvolvimento destas mesmas bactérias.

Uma outra causa, muito comum, é a água poluída, principalmente se aliada a uma temperatura elevada. As Aeromonas vivem, de facto, muito melhor em temperaturas acima dos 26ºC e proliferam na presença de matéria orgânica dissolvida (em solução). Quando abusamos da quantidade de alimento por excesso, ou utilizamos filtros inadequados (de pouca potência, ou volume reduzido, ou material filtrante duvidoso), acabamos por facilitar a estagnação das proteínas e dos hidratos de carbono na água e as bactérias reproduzem-se de uma forma tão rápida que podem deixar a água com um aspecto leitoso. E uma presença maciça destas bactérias faz obviamente com que os peixes passem a ser considerados como ‘material a infectar’. Existe por isso uma relação importante entre a água leitosa, a temperatura elevada e os casos de hidropisia ocorridos.




Na foto à esquerda uma oranda deveras atacada





Atendendo às causas acima mencionadas desta doença e à natureza da mesma, para a combater será necessário corrigir de imediato os defeitos ambientais e nutricionais: uma verificação atenta do equipamento de filtragem, uma pequena descida da temperatura até aos limites suportados pela ou pelas espécies afectadas e um cuidado muito especial com a qualidade dos alimentos distribuídos.

Podemos sempre aplicar tratamentos de acção bacteriostática, geralmente com Acriflavina (sera mycopur) ou Verde de Malaquite (sera costapur). A adição de antibióticos (sera baktopur direct) ao alimento dos peixes mais doentes pode ser uma grande ajuda.

Hidropisia

Agente patogénico: Aeromonas punctata

Colocação taxonómica: bactérias. Aeromonadáceas, género Aeromonas

Região infectada: fígado, rins, intestinos, epiderme

Sintomas: abdómen inchado, escamas levantadas, apatia, natação ondulante

Outros sintomas: respiração acelerada, corrosão das barbatanas e da cauda

Causa da doença: água poluída, temperatura elevada, alimentos infectados

Tratamento: correcção das causas de poluição no aquário, alimentos de boa qualidade, da sera, utilização de antibióticos, sera baktopur, e, bacteriostáticos com Acriflavina (sera mycopur) ou Verde de Malaquite (sera costapur).

Um abraço (sem bactérias) e até ao próximo Ficheiro de Doenças.



Na foto à direita podemos observar que as escamas

ventrais estão levantadas






marioadearaujo@gmail.com